Notícias
Volume de transações entre bancos reage e cresce 7,31%
Abalados ano passado pela crise de confiança que se instalou no sistema bancário mundial
  
 
"Pode ser que esse aumento seja resultado de uma troca de chumbo  				[operações muito volumosas] entre bancos grandes, o que elevou a  				média. Mas pode ser que esteja mesmo aumentando", ponderou o  				sócio da Integral Trust, Roberto Troster, que já atuou como  				economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).  				"Com certeza, as operações pararam de piorar, mas ainda não  				estão a todo o vapor", comentou.
Os DIs são títulos de emissão das instituições financeiras que  				lastreiam as operações do mercado interbancário, possibilitando  				a transferência de recursos entre instituições superavitárias e  				aquelas com caixa mais aperto e, dessa forma, garantindo  				liquidez ao sistema. Portanto, quanto maior a demanda por  				crédito na sociedade, também maior é a necessidade de que os  				intermediadores recorram ao artifício.
Para se ter uma ideia, quando, em 2007, o mercado de empréstimos  				e financiamentos explodiu mais de 30%, pela média, os estoques  				de DI aumentaram mais de 70% na comparação com 2006, passando de  				R$ 252,9 bilhões para os R$ 438 bilhões já citados  				anteriormente. Entre 200 - quando o volume somava R$ 175,5  				bilhões - e 2006, o crescimento foi mais ameno, mas ainda  				pujante: 44%. Na avaliação de Luiz Jurandir Simões, consultor da  				Fipecafi, é preciso levar em consideração que, devido à menor  				demanda neste ano, as linhas interfinanceiras, por mais que  				apresentem uma recuperação, não devem atingir as proporções de  				2007. "Aquele patamar era exagerado, o comportamento deste ano  				deve ser mais sereno. As empresas não farão tantos investimentos  				nos próximos meses e não devem demandar muito crédito. Existe a  				expectativa do aumento do desemprego, principalmente por conta  				das demissões no setor industrial. É natural haver um  				desaquecimento", comentou o acadêmico.
Os DIs Imobiliários, que se referem a operações focadas no  				segmento de empréstimo e financiamento habitacional, cresceram  				40% entre janeiro e dezembro de 2008, saindo de R$ 316,9 milhões  				para R$ 453,6 milhões. Em 16 de janeiro, o montante estava em R$  				455,77 milhões, um crescimento ainda na ordem dos 40% sobre o  				mesmo período de 2008, que contabilizava R$ 315,57 milhões.
Taxas
A taxa over média teve uma pequena retração entre dezembro e  				meados de janeiro, passando de 13,62% para 13,61%, mas ainda  				estão acima da cobrança verificada no fim de 2007 (11,12%) e no  				início de 2008 (11,09%). "O que temos visto ao longo dos últimos  				meses, passado o auge do nervosismo entre outubro e novembro, é  				que o fato das taxas estarem elevadas trouxe um atrativo para a  				renda fixa. Neste início de ano elas estão mais fracas, e devem  				cair nos próximos meses", comentou o economista-chefe do Banco  				Schahin, Silvio Campos Neto. "Claro que a situação tende a  				chegar em uma normalidade ao longo do ano, mas não em um curto  				espaço de tempo, porque a confiança se instala pouco a pouco",  				ponderou o executivo.
É preciso levar em consideração, lembrou Campos Neto, que o  				mercado brasileiro ainda estão muito ligado às notícias  				internacionais. Um exemplo citado foi o caso do Royal Bank of  				Scotland, que anunciou ontem um possível prejuízo de  				aproximadamente US$ 40 bilhões em 2008, por conta da  				deterioração do crédito. "Não tem como fazer projeção para o  				cenário em 2009 porque depende muito de como a situação vai se  				acomodar no exterior. O sistema financeiro mundial ainda não  				está recuperado. Houve uma melhora, mas ainda há muito o que  				evoluir", comentou o economista.